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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pomba Gira

" Pomba-gira ou Pombagira, é um Exu-Fêmea, uma entidade que trabalha na Umbanda e na Quimbanda na linha de esquerda. O nome deriva de uma corruptela do banto Pambu Njila, um nkisi do Candomblé da Nação de Angola, que corresponde ao orixá Exu. " 

Quem são eguns?


QUEM SÃO OS EGÚNS?

" Eguns nada mais são do que os espíritos que já desencarnaram, e os Quiúmbas são exatamente a mesma coisa. Apenas se dá entre eles uma diferença de evolução. " 

Exus Famosos


A concepção e a classificação dos exus varia conforme a tenda ou terreiro, mas existem alguns nomes bem populares e conhecidos nos meios da Umbanda/Quimbanda:
Exu Caveira
IctoonCriada por Ictoon
Exu Tiriri
IctoonCriada por Ictoon
Exu Tranca-Ruas
IctoonCriada por Ictoon
Exu Zé Pelintra
IctoonCriada por Ictoon
  • Exu Caveira: ajuda nos conflitos, ensinando as artimanhas da guerra e o modo de vencer inimigos. É encarregado de vigiar os cemitérios e os lugares onde houver pessoas enterradas. Sua força é de modo a incutir medo aos que o invocam. Todo trabalho ou despacho a ser feito num cemitério precisa da participação do Exu Caveira. É lugar-tenente de Omolu e sem a sua participação, nenhum trabalho ou despacho feito no cemitério dará resultado. Para se entregar, seja o que for, a Omolu, no cruzeiro de um cemitério, é indispensável saudar primeiro Exu Caveira, acendendo uma vela em sua homenagem na sepultura mais próxima do Cruzeiro, à esquerda e pedindo-lhe licença para a entrega. Apresenta-se, em geral, com a forma de uma caveira. Na maioria das vezes, apresenta-se depois da "hora grande" (meia-noite).
  • Exu Tata Caveira: provoca o sono da morte e manipula drogas e entorpecentes. Apresenta-se como uma caveira, vestido de preto.
  • Exu Brasa: provoca de incêndios e domina o fogo. Concede o dom de andar sobre o fogo.
  • Exu Pemba: propaga moléstias venéreas e favorece amores clandestinos. Apresenta-se como um mago.
  • Exu Maré: facilita a invisibilidade das pessoas, dando-lhes poderes de se transportar de um lugar para outro. Sua apresentação é a de uma criatura normal. Provavelmente, uma corruptela de Oxumaré
  • Exu Carangola: faz as pessoas ficarem perturbadas e darem gargalhadas histéricas, dançando sem ter vontade; comanda o ritmo cabalístico da dança.
  • Exu Arranca-Toco: Habita as matas. É especializado no domínio de tesouros.
  • Exu Pagão: Separa casais. Tem poder de incutir ódio e ciúme nos corações humanos.
  • Exu da Meia-Noite: é um dos mais invocados, porquanto é o encarregado de escrever toda a sorte de caracteres e tratar, especialmente, das forças ocultas. Segundo uma crença popular, foi ele quem ensinou a São Cipriano todas as sortes e mágicas que fazia. À meia-noite, o Exu da Meia-Noite faz a ronda do mundo físico, sendo por isso que, na Umbanda, deixa-se passar, pelo menos, uns cinco minutos da meia-noite para se sair à rua ou para se deixar um Terreiro. Na Quimbanda é exatamente à meia-noite que se fazem os despachos destinados ao Exu da Meia-Noite.
  • Exu Mirim: influente sobre as mulheres e crianças, é preferido pelas Mães-de-Santo para os trabalhos de amarração. Apresenta-se com roupagem de criança.
  • Exu Pimenta: especializado na elaboração da química e dos filtros de amor. Dá o verdadeiro segredo do pó que transforma metais. É reconhecido quando incorpora por um forte cheiro de pimenta que exala.
  • Exu Malé: tem o poder das artes mágicas e das bruxarias que se realizam nos Candomblés. Apresenta-se com a forma de um Preto Velho, mas é reconhecido pelo forte cheiro de enxofre que exala.
  • Exu das Sete Montanhas: domina as águas dos rios e das cachoeiras que saem das montanhas. Sua roupagem é da cor do lodo e deixa no ar, quando incorporado, um forte cheiro de podre, emanado do seu corpo fluídico.
  • Exu Ganga: domina os despachos que se fazem nos cemitérios, tanto nos casos em que o trabalho é feito para o mal quanto para salvar alguém da morte. Apresenta-se vestido de preto e cinza, deixando no ar forte cheiro de carne em decomposição.
  • Exu Marabô: fiscal do plano físico, distribui ordens a seus comandados. Apresenta-se como um autêntico cavalheiro, dominando o francês, apreciando bebidas finas e os melhores charutos. De gênio muito difícil, raramente apresenta-se em terreiros
  • Exu Mangueira: Semelhante ao Marabô, mas expele cheiro forte de enxofre quando está sendo incorporado. De gênio muito dificil, é necessário recorrer a entidades superiores para retirá-lo.
  • Exu Caminaloá: trabalha ao lado do Exu Mangueira e é um dos seis mais poderosos. Apresenta-se comandando uma poderosa equipe de espíritos com a forma de Pretos, ornados de penas na cabeça e na cintura com argolas nos lábios, nas orelhas e nos braços. São esses espíritos, os especializados em provocar doenças mentais, até mesmo a loucura. O Exu Caminaloá é o Chefe da Linha de Mossurubi da Quimbanda.
  • Exu Quirombô: atua como Exu Mirim, mas é especializado em prejudicar mocinhas, desviando-as para o "mau caminho". Apresenta-se, também, como criança.
  • Exu Veludo - apresenta-se como um fino cavalheiro muito bem vestido, tomando bons conhaques e fumando bons charutos. Possui "pés de cabra" e gosta de trabalhar com "as moças".
  • Exu Tiriri - despacha trabalhos nas encruzilhadas, matas e rios. Apresenta-se como um homem preto com deformação facial.
  • Exu Tranca-Ruas das Almas - muito solicitado pelos terreiros antes de começar as sessões. Guarda as porteiras dos terreiros com sua falange, contra os quiumbas e também os recintos onde se pratica a Alta Magia.
  • Exu Sete Encruzilhadas: Tem prazer em ensinar e doutrinar, por isto sempre está tirando dúvidas a todo aquele que lhe faça perguntas, desde as perguntas mais insólitas como "porque há estrelas..." até as mais comuns como "quero saber se meu marido me engana..." Prefere beber uísque de boa qualidade e fumar charutos grossos. Sua voz é rouca, grave e forte. Quando está manifestado em algum médium, gosta também de azeitonas. Seu olhar é insustentável e quando se fixa em alguém, parece que o atravessa e sabe seus segredos mais íntimos. As pessoas que o conhecem sentem certa autoridade nele e o respeitam. Apresenta-se como um homem de idade avançada, de pele escura, barba e olhos vermelhos, cor de brasa. Traz a metade do seu corpo (o lado esquerdo) queimado, sendo que sua perna esquerda não funciona bem, por isto é muito comum que se apóie em um bastão.
  • Zé Pelintra: É originário do Catimbó do Nordeste, onde usa chapéu de palha, lenço vermelho no pescoço, fuma cachimbo e gosta de andar descalço. Receita chás medicinais para a cura de qualquer mal, benzer e quebrar feitiços dos seus consulentes. Na Umbanda/Quimbanda, é representado de terno branco, gravata vermelha, cravo na lapela e chapéu caido na testa, de acordo com a figura tradicional do malandro carioca. Particularmente versátil e ambivalente, aparece tanto na Umbanda, como preto-velho, como na Quimbanda, como exu. Vem acompanhado de toda a linha de malandros, entidades supostamente oriundas de pessoas envolvidas com o submundo, jogo, prostitutas, bebidas fortes e drogas.

Pontos de Pomba Giras


"Tira o teu sorriso do caminho
que eu quero passar com minha dor
se ontem pra você fui espinho
espinho não machuca flor
eu só errei quando juntei minha alma sua
o sol não pôde viver perto da lua
se ontem foi ontem o amanhã será depois
mas aqui eu voltarei para o que resta de nós dois
hoje eu volto ao jardim
na esperança de lhe encontrar
mas eu falo com as rosas, mas as rosas não falam
simplesmente exalam o perfume do amor
eu disse, mulher não cruze no meu caminho
eu sou belo como as rosas, mas também
Tenho Espinhos!!!"

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Na Encruzilhada seu pontaco afirmou,
Foi Zambi quem lhe coroou, (BIS)
Senhor Ogum empresta seu cavalo
No romper da Aurora.
A Padilhavai embora.

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Padilha é moça formosa
Formosa Padilha é
Padilha pisa na banda
Na banda do Candomblé
Cadê seus brincos de ouro
Cadê o seu cordão dourado
Cadê sua pulseira linda Ô Padilha
Pisa nessa banda lindo Ô Padilha }4x

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Tava na Encruzilhada
Cigarro, marafo e vela
Faz seu pedido moça, pensando nela
Se você merecer Maria Padilha
Vai lhe atender.

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Quando ela vem no clarão do Sol
Quando ela vem no clarão da Lua
Dando risada rah rah rah
Maria Padilha dona da Rua.

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Se você quer Patuá e quiser ganhar
Vai falando com a mulher que ela vai te ajudar (BIS)
Alupandê para a maria passar
Oh abre a roda que a Padilha
Vem Girar. (BIS)

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Maria Padilha é moça bonita
Ela trabalha em seu jacutá
arriou, arriou, arriou
Oh mamãe da quimbanda segura seus filhos
que eu quero (BIS)

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Ogum mandou bater palmas para a Padilha ir embora(BIS)
Ela vai pela linha das almas
Ela segue o seu caminho
Ela deixa um Adeus para quem fica
Boa Noite
Que a Padilha vai embora!

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Ela é rainha e sua coroa brilhou(BIS)
Rainha que vem lá do cemitério
Maria Padilha das Almas
Sua coroa tem mistérios.

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-
Abre essa cova quero ver tremer
Abre essa cova quero ver balancear (BIS)
Maria Padilha das almas
O cemitério é o seu lugar
É no buraco que a Padilha mora
É no buraco que a Padilha vai girar.

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Maria Padilha estou cantando em seu louvor
Na barra da sua saia
Corre água nasce flor. (BIS)

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Maria Padilha é Mulher de Nove maridos (BIS)
Oh cuidado com ela
Que a Padilha é um perigo (BIS)

-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-

Padilha tem uma saia
Na barra tem sete nós
Só o tempo o vento sabe quanto custa
Cada nó
E Padilha e Padilha
E Padilha é mulher que não tem pai (BIS)
 e Padilha

Marabo

Exu Marabô está em terra. Os poucos filhos que acompanham aquele terreiro vibram com sua presença. Na assistência algumas pessoas ansiosas aguardam para serem atendidas. O Exu ri, dança, bebe desenfreadamente. Atende uma filha da casa recém-casada. Fala para a filha tomar cuidado com o marido, pois ele vai traí-la em breve. A moça desespera-se. Ele então passa uma longa lista para realizar o trabalho salvador. Sabe que já plantou a semente irreversível da desconfiança no jovem casal. Na assistência um pequeno empresário aguarda atendimento. O Exu diz que a firma não falirá, para isso precisa de vultuosa quantia em dinheiro para trabalho urgente. Chega a vez de uma médium, filha de outro terreiro, que visita pela primeira vez a casa. Mais uma vez o compadre não se faz de rogado. Diz para a pequena sair do terreiro que freqüenta, pois segundo ele a mãe de santo não entende nada sobre Umbanda. E assim ele vai plantando a discórdia, a desunião, a dor. Sempre que pode humilha publicamente os filhos da casa. Os dias passam sem novidades. O que ninguém ali imagina é que por trás daquela entidade que se diz chamar Marabô, está escondido um enorme Kiumba. Aproveitando-se do fato do tal pai de santo ser pessoa leiga, gananciosa e, totalmente despreparado ele domina o mental do incauto médium. 
Diverte-se com a angústia dos outros. Sempre que pode põe o pai de santo em enrascadas (cheques sem fundos, golpes que são descobertos constantemente, brigas e desunião em família). E o pai de santo não tem escrúpulos algum em usar o nome de um grande e respeitado Exu de Lei. Ao contrário, fica feliz em saber que aos poucos vai minando a credibilidade do verdadeiro Marabô. O Kiumba raciocina que o dia em que as trapalhadas colocarem tudo a perder ele simplesmente abandonará o falso pai de santo à própria sorte. Não será o primeiro nem o último que ele abandonará. Afinal pensa o Kiumba, não fora o falso pai de santo que médium ainda novo, desenvolvendo, resolveu mistificar para dar uma abreviada no processo mediúnico de desenvolvimento? Não fora também por conta própria que o médium abandonara o terreiro de sua mãe de santo, sem ter preparo algum? Sem falar que enquanto esteve lá, desrespeitava os ensinamentos da casa, zombava dos irmãos de santo, dava golpes em tantos médiuns que muitos pediram até sua expulsão da casa? Pois então fora ele mesmo que atraiu o Kiumba e sendo assim essa sociedade duraria até quando fosse possível. O ser do umbral ganhando energia negativa, achincalhando Marabô, e o falso pai de santo ganhando dinheiro. O Kiumba também aproveitava para trazer em terra seus falangeiros, que se aproveitam dos médiuns titubeantes da casa. Hoje é dia de gira, no atabaque o ogã já está devidamente bêbado e sob influência dos asseclas do Kiumba. As filhas e filhos da casa cegos em sua fé e sob forte energia maléfica, são capazes de aceitar qualquer loucura ali realizadas. 
O falso Marabô está feliz, já olhou a assistência antes de incorporar. Notou algumas pessoas que não lhe despertaram interesse. Algumas mulheres velhas e sem dinheiro, um homem que também não traz dinheiro algum. Vai se divertir com eles. Pronto já está em terra! Atende a assistência como de costume, diverte-se com as angústias, os medos, as dores daquelas pobres almas. Chega a vez do homem que estava na assistência, ele adentra de maneira lenta. O Kiumba não lhe dá a mínima atenção. Um erro fatal. Pois assim que o homem fica frente a frente com o ser do umbral algo inusitado acontece: o homem incorpora, solta uma gargalhada jovial e desafiadora. Alguns médiuns do terreiro que mistificavam ou recebiam alguns asseclas do Kiumba “desincorporam” convenientemente. O ogã de tão bêbado, acaba por cair ao lado do tambor. A assistência não entende o que se passa. O Kiumba entende, mas para ele é tarde demais. Por estar incorporado ele não tem tanta desenvoltura como gostaria nesse momento crucial. Está só, já que os covardes que o seguiam fugiram dali. 
O verdadeiro Marabô está ali diante dele e avança em sua direção. No congá as velas começam a queimar a cortina que protege o altar. Na cafua a pinga aquecida pelas velas também se incendeia. A assistência percebe que algo muito errado está acontecendo e fogem todos. Antes o verdadeiro Marabô se vira para eles e mostra o quanto foram tolos em se deixar enganar. Fala que devem procurar ajuda, mas em terreiros sérios aonde se pratica a caridade, o amor e a união. Mostra o quanto foram usados. O Kiumba protesta, mas é inútil, a máscara já caiu. Marabô não está só, sua falange e muitos Exus de Lei estão adentrando no falso terreiro. O Kiumba é capturado e levado para o Reino de Exu, onde pagará caro pela insolência. O falso pai de santo está entregue a própria sorte. As chamas consomem o terreiro velozmente. Ao chegar as primeiras viaturas do Corpo de Bombeiro o oficial de plantão presencia uma cena que jamais esquecerá: no meio das chamas o pai de santo é “tragado” por um buraco negro, e some diante dos olhos do atônito bombeiro. Uma risada se faz ouvir. Marabô gargalha satisfeito do outro lado. Apesar das chamas o bombeiro sente um frio que lhe percorre a espinha. O terreiro vira cinza e não se acham vestígios do corpo do pai de santo. Justiça foi feita. Saravá Senhor Marabô!!! 

Dama da Noite

Seu nome Carmem, era órfa de pai e mãe, morava com os tios que a tratavam como escrava por anos, nunca soube o sentido da palavra felicidade. Analfabeta, somente conhecia os segredos da cozinha e da limpeza que era obrigada a fazer diariamente. O assédio de seu primo tornara-se insuportável conforme crescia em formas e beleza. Tanto o rapaz insistiu que acabou levando-a para a cama, onde foram flagrados pela velha tia, que em nenhum momento duvidou da palavra do filho que acusava a moça de seduzi-lo dia após dia. De nada valeram os apelos e juras de inocência. Fora colocada na rua sem um tostão e apenas com a roupa do corpo. Agora estava ali perambulando por ruas que não conhecia em uma noite escura e com lágrimas correndo pelo belo rosto. Um homem aproximou-se dela: - O que faz uma moça tão bonita perdida por aqui? E porque chora? Desalentada, começou a falar tudo que havia se passado. Não tinha nada a perder. Quem sabe aquele rapaz não a ajudaria? Fora o único que mostrara interesse no seu drama. Após ouvir tudo ele disse: - Venha comigo, tenho um lugar para você ficar! Sem outra opção a jovem o seguiu. Entraram em um casarão escuro em que somente uma pequena luz bruxuleava. Uma senhora vestida e maquiada com extravagância para àquela hora da noite, atendeu-os prontamente: - Mais uma menina, Jorginho? De maneira brusca, o rapaz agarrou a mulher pelo braço e sussurrou-lhe: - Esta é minha, vou querer somente para mim! - Calma lá garotão! Se você pagar não vejo motivo para que não seja sua. A partir desse momento Carmem transformou-se em mais uma menina da famosa Madame Eglantine. A principio deitava-se com Jorge pela gratidão, aos poucos, porém foi tomando-se de amores pelo rapaz, que em pouco tempo enjoou do que tinha com facilidade. Depois de dois meses de amor incondicional, o rapaz procurou pela Madame e falou: - Já está na hora da garota fazer a vida, não tenho mais como pagar pela sua estadia aqui. Eglantine sorriu com desdém, pois já sabia que o final seria esse, não era a primeira que passava por isso em sua casa. Ao ser informada de suas novas atribuições, a moça desesperou-se, chorou uma tarde inteira, mas sem ter como fugir da situação preparou-se para cumprir o combinado. Sentada no grande salão mal iluminado Carmem aguardava. Cada vez que uma das meninas subia acompanhada de alguém, ela suspirava de alivio por não ter sido escolhida. No entanto, quando já achava que estaria livre por aquela noite, Madame aparece com um senhor: - Querida, trate muito bem o Comendador Belizário, ele é prata da casa! Ao olhar o homem sentiu o estômago revirar, ele podia ser seu avô! Eglantine percebeu e fixou um olhar gélido sobre ela: - Leve-o para seu quarto e faça tudo para agradá-lo. Com os pés pesados ela subiu as escadas que a levariam para o sacrifício, puxando o comendador pela mão. O velho fungava em sua nuca e ela tentava desviar do contato, ao sentir o hálito mal cheiroso não resistiu pediu que ele a soltasse e o empurrou com violência. Isso somente excitou mais o homem que agora literalmente babava em seu pescoço. Instintivamente agarrou a haste de bronze do abajur e desferiu com ódio na cabeça de Belizário. O sangue correu imediatamente manchando seu seio. Mas o velho não caiu, tomado de ira, apertou o pescoço da jovem até que, com os olhos vidrados, ela deu o último suspiro. Assustado pelo que fizera e com o sangue escorrendo pelo rosto, o comendador correu para as escadas onde tropeçou e rolou caindo morto no meio do salão de Madame Eglantine. Durante muitos anos o espírito de Carmem vagou por regiões escuras onde reviu e reviveu carmas e pecados de vidas anteriores. Amparada por linhas auxiliares começou seu trabalho de evolução espiritual utilizando a roupagem da Pomba-Gira Dama da Noite. Quem já se consultou com essa grande mulher sabe dos ótimos conselhos que ela sempre distribui entre sorrisos gentis e calorosos. Laroiê a Dama da Noite!

Rosa Caveira


Bom essa Lenda que será contada aqui, pertence à uma de suas vidas passadas, lembrado que nem sempre a Rosa Caveira que incorpora em Ciclano, é a mesma que incorpora Fulano. Então a historia poderá ser diferente da outra, mas sempre será a mesma Rosa Caveira. Larôye Pomba Gira.


Ela viveu aproximadamente á 2.300 anos antes de Cristo, na região da Mongólia, os seus pais eram agricultores e tinham muita terra. Ela era uma das 7 filhas do casal, sendo que seu nascimento, deu-se na primavera e a mãe dela tinha um jardim muito grande de rosas vermelhas e amarelas, que rodeava toda sua casa. E foi nesse jardim, onde ocorreu seu parto. Seus pais além de serem agricultores, também eram feiticeiros, mas só praticavam o bem para aqueles que os procuravam, e sua mãe tinha muita fé em um cruzeiro que existia atrás de sua casa no meio do jardim, onde seus parentes eram enterrados. No parto da Rosa Caveira, a mãe estava com problemas, e dificultava o nascimento da mesma e estava perdendo muito sangue, podendo até morrer no parto. Foi quando a avó da Rosa Caveira que já havia falecido há muito tempo, e estava sepultada naquele cemitério atrás de sua casa, vendo o sofrimento de sua filha, veio espiritualmente ajuda-la no parto, sendo que sua mãe com muita dificuldade e a ajuda de sua avó (falecida), conseguiu dar a luz a Rosa Caveira, e como prova de seu Amor a neta, sua avó, colocou em sua volta, várias Rosas Amarelas e pediu a sua filha que a batiza-se com o nome de ROSA CAVEIRA, pelo fato dela ter nascido em um jardim repleto de Rosas e encima de um Campo Santo (cemitério), e também por causa da aparência Astral de sua mãe (avó), que aparentava uma Caveira. E em agradecimento a ajuda da mesma, ela colocou uma Rosa Amarela em seu peito e segurando a mão de sua mãe, a batizou com o nome de ROSA CAVEIRA DO CRUZEIRO, conhecida com o nome popular de Rosa Caveira.Ela cresceu com as irmãs, mas sempre foi tratada de modo diferente pela suas irmãs, sempre quando chegava a data de seu aniversario sua avó ia visitá-la (espiritualmente), e por causa destas visitas e carinho que seus pais tinham a ela, suas irmãs começaram a ficar com ciúmes e começaram a maltratar a Rosa, debochar dela, chamar ela de amaldiçoada pois havia nascido encima de um Campo Santo e seu parto feito por uma morta, de caveira dos infernos, etc. E a cada dia que se passava, Rosa ficava com mais raiva de suas irmãs. Então ela pediu para seus pais, que ensinasse a trabalhar com magia, mas não para fazer maldade, mas sim para sua própria defesa, e ajuda de pessoas que por ventura a fosse procurar. Sua avó vinha sempre lhe dizer que ela precisaria se cuidar, pois coisas muito graves estariam para acontecer. Seu pai muito atencioso a ensinou tudo o que ela poderia apreender, e também ensinou-a a manejar espadas, lanças, punhais, ou seja, armas em geral. Sua mãe lhe ensinou tudo o que poderia ser feito com ervas, porções, perfumes, e principalmente o que se poderia fazer em um Cruzeiro. Foi ai que suas irmãs ficaram com mais raiva ainda, pois ela estava sendo preparada para ser uma grande Feiticeira, e sendo ajudada por seus Pais e sua Avó, e zombava mais ainda dela, chamando-a de mulher misturada com homem e demônio, uma aberração da natureza, não por causa de sua aparência, pois ela era linda, mas sim por vir ao mundo nas mãos de uma Caveira (sua avó), e ter nascido encima de um cemitério.
Suas irmãs se casaram com agricultores da região, porém uma de suas irmãs (a mais velha), se aperfeiçoou em Magia Negra, e por vingança do carinho e a presteza que seus Pais davam a Rosa e não a elas, não porque seus pais gostavam mais dela, pois eles tinham amor igual a todas, mas Rosa demonstrava mais interesse do que as outras, ela fez um feitiço que matou seus pais. A Rosa com muita raiva, matou sua irmã e seu marido. As outras irmãs com medo dela, juraram lealdade a ela e nunca mais zombaram dela.Aos 19 anos ela saiu ao mundo querendo descobrir algo novo em sua vida, foi quando ela conheceu um homem (Mago) que tinha 77 anos, e juntos com seus 4 irmãos, ele foi ensinando a ela varias magias e feitiços, tudo sobre a vingança, o ódio, a dor, pois esse homem era o Mago mais odiado e temido da redondeza pelos Senhores Feudais e Magos Negros. Vivia em um cemitério com seus 4 irmãos e discípulos. Ela aprendeu a ver o futuro e fazer várias Magias de um modo diferente, sempre usava um crânio tanto humano como de animal e em sua boca colocava uma rosa amarela, foi quando em uma de suas visões, viu suas irmãs planejarem sua morte. Ela por sua vez muito esperta, fez uma Magia, que matou todas suas irmãs. Após fazer isso ela voltou a companhia do mago, e com sua ajuda percorreu várias aldeias, causando guerras para fazer justiça e para livrar os povos dos Senhores Feudais, e também livrar esses povos de encantos de Magos Negros e Feiticeiros Malignos, e por causa disso ela era muito venerada, adorada e respeita por todos. Aos 99 anos, seu amado e seu mestre, morreu e ela assumiu seu lugar junto com o irmão mais velho do mago.

Aos 77 anos ela foi traída por um dos irmãos do mago falecido, o terceiro irmão, que a entregou a um mago que estava a sua procura, este Mago era um dos mais temidos e perversos e que sabia o ponto fraco dela. Com a ajuda desse irmão, esse Mago a matou, e degolou a Rosa e entregou sua cabeça em uma bandeja de ouro rodeada de rosas vermelhas, para os Espíritos dos Magos Negros. Após isso ela ficou aprisionada espiritualmente por esse mago até ser liberta pelo seu amado e mestre o mago falecido, que entregou a falange do Exu Caveira. O irmão do mago que a traiu, foi morto 3 anos depois pela própria Rosa, que deu sua alma de presente a seu Amado e Mestre, se tornando assim seu escravo.Foi ai que ela começou a trabalhar na linha das almas e ficou conhecida como Rosa Caveira (Pomba-Gira Guerreira e Justiceira), pois em sua apresentação astral ela vem em forma de mulher ou caveira, ou meio a meio sempre com uma Rosa amarela em suas mãos e uma caveira aos seus pés, caveira esta que representa, todos seus inimigos que cruzam seu caminho.

Trabalha na linha das almas e faz parte da falange do Exu Caveira e Tava Caveira

Seu ponto de força, é no cruzeiro das almas, onde são entregues seus pedidos e oferendas.

Sua Flor preferida é Rosa Amarela

Sua guia é, preto e branco ou amarelo e preto.

Pertence a linha negativa dos pretos velhos.


Pontos:

Rosa amarela, rosa vermelha
Lá no cemitério onde mora Rosa Caveira

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Ibeji

Existiam num reino dois pequenos príncipes gêmeos
que traziam sorte a todos. 
Os problemas mais difíceis eram resolvidos por eles;
em troca, pediam doces balas e brinquedos.
Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia, 
brincando próximos a uma cachoeira,
um deles caiu no rio e morreu afogado. 
Todos do reino ficaram muito tristes pela morte do príncipe.
O gêmeo que sobreviveu não tinha mais vontade de comer
e vivia chorando de saudades do seu irmão,
pedia sempre a orumilá que o levasse para perto do irmão. 
Sensibilizado pelo pedido,
orumilá resolveu levá-lo para se encontrar com o irmão no céu, 
deixando na terra duas imagens de barro. Desde então, 
todos que precisam de ajuda deixam oferendas 
aos pés dessas imagens para ter seus pedidos atendidos.

Abaluayê



OBALUAYÊ
Nanã era considerada a deusa mais guerreira de daomé. 
Um dia, ela foi conquistar o reino de oxalá e se apaixonou por ele. 
Mas este não queria se envolver com outra orixá que não 
fosse sua amada esposa yemanjá. Por isso, explicou tudo a nanã, 
mas ela não se fez de rogada.
Sabendo que oxalá adorava vinho de palma, embriagou-o. 
Ele ficou tão bêbado que se deixou seduzir por nanã, 
que acabou ficando grávida. Mas por ter transgredido 
uma lei da natureza, deu a luz a um menino horrível, 
não suportando vê-lo, lanço-o no rio. 
A criatura foi mordida por caranguejos, ficando toda deformada. 
Por sua terrível aparência, passou a viver longe dos outros orixás.
De tempos em tempos os orixás se reuniam para uma festa. 
Todos dançavam, menos obaluaiyê, que ficava espreitando da porta, 
com vergonha de sua feiura. Ogum percebeu o que acontecia e, 
com pena, resolveu ajudá-lo, 
trançando uma roupa de mariwo - uma espécie de fibra de palmeira - 
que lhe cobriu todo o corpo. 
Com este traje ele voltou a festa e despertou a curiosidade de todos, 
que queriam saber quem era o orixá misterioso. 
Yansã, a mais curiosa de todas, aproximou-se, e neste momento, 
formou-se um turbilhão e o vento levantou a palha, 
revelando um rapaz muito bonito. 
Desde então os dois orixás vivem juntos, 
e os dois passaram a reinar sobre os mortos.

OxuMaré

Nanã, obcecada pela idéia de ter um filho de oxalá, 
concebeu o primogênito obaluaiye que, por sua terrível aparência, 
foi desprezado por ela. Nanã consultou ifá, 
e este orixá lhe disse que, numa segunda tentativa, 
ela daria a luz a um filho lindíssimo, tão formoso quanto o arco-íris. 
No entanto, preveniu-a sobre o fato que a criança jamais ficaria a seu lado.
Seu sonho parecia realizado até o momento do parto, 
quando deu a luz a um estranho ser que recebeu o nome de oxumaré. 
Durante seis meses a criatura tomava a forma de arco-íris,
cuja função era levar a água para o castelo de oxalá, 
que morava em orun ( no céu ). Depois de cumprida a tarefa, 
ele voltava a terra por outro seis meses, assumindo a forma de uma cobra. 
Com essa aparência, ao morder a própria cauda, 
dando a volta em torno da terra, ele teria gerado o movimento de rotação, 
bem como o transito dos astros no espaço. 
É um orixá que representa polaridades contrarias, 
como o masculino e o feminino, o bem e o mal, a chuva e o tempo bom, 
o dia e a noite, respectivamente, através das formas do arco-íris e serpente.

Ogun

Uma história de Ifá, explica como o número 7 foi relacionado 
a Ogún e o número 9 a Oyá. 
"Oyá era a companheira de Ogún antes de se tornar a mulher de Xangô. 
Ela ajudava o deus dos ferreiros no seu trabalho; 
carregava docilmente seus instrumentos, da casa à oficina, 
e aí ela manejava o fole para ativar o fogo da forja. 
Um dia, Ogún ofereceu à Oyá uma vara de ferro, 
semelhante a uma de sua propriedade, e que tinha o dom de dividir 
em sete partes os homens e em nove as mulheres 
que por ela fossem tocados no decorrer de uma briga.
Xangô gostava de vir sentar-se à forja a fim de apreciar Ogún 
bater o ferro e, frequentemente, lançava olhares a Oyá; 
esta, por seu lado, também o olhava furtivamente. 
Xangô era muito elegante, seus cabelos eram trançados 
e usava brincos, colares e pulseiras. 
Sua imponência e seu poder impressionaram Oyá. 
Aconteceu, então, o que era de esperar: um belo dia, ela fugiu com ele. 
Ogún lançou-se à sua perseguição, 
encontrou os fugitivos e brandiu sua vara mágica. 
Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo. 
E, assim, Ogún foi dividido em sete partes e Oyá, em nove, 
recebendo ele o nome de Ogún Mejé e ela o de Yansã, 
cuja origem vem de Iyámésan - 'a mãe (transformada em) nove'."

Oxala

OXALÁ.
Muitas são suas lendas e extensa é sua origem e história na África, 
matéria destinada aos estudiosos e mais aprofundados na religião. 
Sendo os mais cultuados no Brasil, Oxalufon "o velho" e 
Oxaguian "o moço" na sua forma "guerreira" de Oxalá 
que carrega uma espada, cheio de vigor e nobreza, 
seu templo principal é em Ejigbo, onde ostenta o título de Eléèjìgbó, 
Rei de Ejigbo. Na condição de velho e sábio, curvado ao peso dos anos, 
figura nobre e bondosa, carrega uma cajado em que se apoia, 
o Opaxoro, cajado de forte simbologia, utilizado para separação 
do Orun e o Ayié. No Brasil é o mais venerável e o mais venerado, 
sua cor é o branco, seu dia a Sexta-feira, motivo pelo qual 
os candomblecistas em geral usam roupa branca na Sexta-feira 
e na virada do ano, num claro respeito e devoção a Oxalá. 
Sua maior festa é uma cerimônia chamada "Águas de Oxalá" 
que diz respeito a sua lenda dos sete anos de encarceramento, 
culminando com a cerimônia do "Pilão de Oxaguian", 
para festejar a volta do pai. Esse respeito advém da sua condição 
delegada por Olorun, da criação e governo da humanidade.

Lenda mãe Yemanja

Iemanjá era a filha de Olokun, a deuda do mar.
Em Ifé, ela tornou-se a esposa de Olofin-Odudua,
com o qual teve dez filhos.
Estas crianças receberam nomes simbólicos e todos tornaram-se orixás.
Um deles foi chamado Oxumaré, o Arco-Íris,
"aquele-que-se desloca-com-a-chuva-e-revela-seus-segredos."
De tanto amamentar seus filhos, os seios de Iemanjá tornaram-se imensos.

Cansada da sua estadia em Ifé,
Iemanjá fugiu na direção do "entardecer-da-terra",
como os iorubas designam o Oeste, chegando a Abeokutá.
Ao norte de Abeokutá, vivia Okere, rei de Xaki.
Iemanjá continuava muito bonita.
Okere desejou-a e propôs-lhe casamento.
Iemanjá aceitou mas, impondo uma condição, disse-lhe:
"Jamais você ridicularizará da imensidão dos meus seios."
Okere, gentil e polido, tratava Iemanjá com consideração e respeito.

Mas, um dia, ele bebeu vinho de palma em excesso.
Voltou para casa bêbado e titubeante.
Ele não sabia mais o que fazia.
Ele não sabia mais o que dizia.
tropeçando em Iemanjá, esta chamou-o de bêbado e imprestável.
Okere, vexado, gritou:
"Você, com seus seios compridos e balançantes!
Você, com seus seios grandes e trêmulos!"
Iemanjá, ofendida, fugiu em disparada.

Certa vez, antes do seu primeiro casamento,
Iemanjá recebera de sua mãe, Olokun,
uma garrafa contendo uma poção mágica pois, dissera-lhe esta:
"Nunca se sabe o que pode acontecer amanhã.
Em caso de necessidade, quebre a garrafa, jogando-a no chão."
Em sua fuga, Iemanjá tropeçou e caiu.
A garrafa quebrou-se e dela nasceu um rio.

As águas tumultuadas deste rio levaram Iemanjá em direção ao oceano,
residência de sua mãe Olokun.
Okere, contrariado, queria impedir a fuga de sua mulher.
Querendo barrar-lhe o caminho, ele transformou-se numa colina,
chamada ainda hoje, Okere, e colocou-se no seu caminho.
Iemanjá quis passar pela direita, Okere deslocou-se para a direita.
Iemanjá quis passar pela esquerda, Okere deslocou-se para a esquerda.
Iemanjá, vendo assim bloqueado seu caminho para a casa materna,
chamou Xangô, o mais poderoso dos seus filhos.

Kawo Kabiyesi Sango, Kawo Kabiyesi Obá Kossô!
"Saudemos o Rei Xangô, saudemos o Rei de Kossô!"

Xangô veio com dignidade e seguro do seu poder.
Ele pediu uma oferenda de um carneiro e quatro galos,
um prato de "amalá", preparado com farinha de inhame,
e um prato de "gbeguiri", feito com feijão e cebola.

E declarou que, no dia seguinte, Iemanjá encontraria por onde passar.
Nesse dia, Xangô desfez todos os nós que prendiam as amarras sa chuva.
Começaram a aparecer nuvens dos lados da manhã e da tarde do dia.
Começaram a aparecer nuvens da direita e da esquerda do dia.
Quando todas elas estavam reunidas, chegou Xangô com seu raio.
Ouviu-se então: Kakará rá rá rá...
Ele havia lançado seu raio sobre a colina Okere.
Ela abriu-se em duas e, suichchchch...
Iemanjá foi-se para o mar de sua mãe Olokun.
Aí ficou e recusa-se, desde então, a voltar em terra.
Seus filhos chamam-na e saúdam-na:

"Odô Iyá, a Mãe do rio, ela não volta mais.
Iemanjá, a rainha das águas, que usa roupas cobertas de pérolas."

Ela tem filhos no mundo inteiro.
Iemanjá está em todo lugar onde o mar vem bater-se com suas ondas espumantes.
Seus filhos fazem oferendas para acalmá-la e agradá-la.

Odô Iyá, yemanjá, Ataramagbá
Ajejê lodô! Ajejê nilê!
"Mãe das águas, Iemanjá, que estendeu-se ao longe na amplidão.
Paz nas águas! Paz na casa!"